Às vezes, a sua cobrança vem do que faltou na sua infância. Como entender esta falta na terapia?
Em geral, a “cobrança” pode aparecer como uma autoexigência (ser perfeito, dar conta de tudo, não errar);
Uma exigência em relação aos outros (esperar reconhecimento, cuidado, atenção);
Uma tensão constante entre “como sou” e “como acho que deveria ser”.
Em terapia, é importante fenomenologicamente descrever como essa cobrança aparece: em que situações, com quais sensações corporais, pensamentos, afetos e significados.
1. A relação com o que “faltou”
Na infância, certas experiências podem não ter sido suficientemente acolhedoras — falta de reconhecimento, afeto, segurança, validação.
O foco é perceber como essa experiência de falta se tornou parte do modo de ser da pessoa:
Que lugar ocupa essa busca por algo que não veio?
O que significa hoje “ser alguém que precisa se cobrar para valer”?
De que modo essa cobrança mantém viva uma esperança de completude, de ser visto, de pertencer?
2. A terapia
O terapeuta não interpreta a cobrança como um sintoma a ser eliminado, mas como uma expressão do modo de existir.
A terapia ajuda a pessoa a entrar em contato com o sentido da cobrança — o que ela tenta garantir? O que teme perder se relaxar?
Na terapia a pessoa explora a experiência de “falta” como abertura: o que ela revela sobre o desejo, a vulnerabilidade, o modo como a pessoa se compreende no mundo.
Na terapia a pessoa se permiti ver a cobrança como também um modo de se cuidar, ainda que às vezes rígido — uma tentativa de não repetir a dor do “não receber”.
Na terapia fenomenológico-existencial, compreende que “a cobrança vem do que faltou na infância” não é descobrir uma causa, mas dar-se conta de como a falta ainda é vivida como presença — como uma forma de se relacionar consigo e com o mundo que pode ser reconhecida, acolhida e transformada.
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Conteúdo desenvolvido pela Clínica Quartzo.
